O Presidente da República defende que o dia do Desastre da Assistência deve ser lembrado como um “momento trágico” na história [de Cabo Verde] e que deve servir de exemplo, quando há uma grande desumanidade.
“Mas eu acho que 01 de Maio, o dia da libertação dos presos políticos do Campo de Concentração do Tarrafal, deve ser também comemorado com toda a solenidade, assim como comemoramos outras datas importantes”, apontou José Maria Neves.
“Acabamos por chegar a esse desprezo pelas vidas humanas”, disse José Maria Neves à Inforpress, referindo-se ao Desastre da Assistência ocorrido no dia 20 de Fevereiro de 1949, que matou centenas de pessoas que aguardavam pela distribuição de refeições quentes e de algum donativo que lhes permitisse se alimentarem.
Para Neves este dia devia ser assinalado “com toda a solenidade”.
“Aliás, quando se refere ao desastre da existência, eu acho que precisamos prestar mais atenção à nossa história, mais atenção a momentos marcantes da nossa história política contemporânea”, ajuntou.
Ou seja, continuou, assinalar os marcos essenciais para se projetar um futuro melhor a partir das “referências, experiências, ganhos e erros cometidos” ao longo da existência de Cabo Verde como país.
“Mas eu acho que 01 de Maio, o dia da libertação dos presos políticos do Campo de Concentração do Tarrafal, deve ser também comemorado com toda a solenidade, assim como comemoramos outras datas importantes”, apontou José Maria Neves.
O combatente da liberdade da Pátria João Pereira Silva também advoga que o 20 de Fevereiro deveria ser assinalado com actos oficiais.
Na sua perspectiva, todos os anos os cabo-verdianos deviam lembrar-se deste “triste dia”, porque, disse, centenas de pessoas morreram na sequência do desmoronamento do muro do local onde recorriam para obter uma única refeição quente do dia.
É de opinião que se devia homenagear os mortos do fatídico dia 20 de Fevereiro com deposição de flores no monumento em honra às vítimas, além de cerimónia oficial no parlamento.
"A fome foi resultante de uma governação [colonial] e não é uma resultante da falta de chuvas”, apontou o antigo governante, acrescentando que milhares de cabo-verdianos morreram à fome por incúria das autoridades coloniais.
Lamenta o facto de milhares de cabo-verdianos nunca souberem onde é que os seus entes queridos foram enterrados.
“Muitas [pessoas] nunca foram enterradas. Apodreceram nas achadas, nos covões e nas furnas à beira mar. Nunca ninguém soube delas e essas pessoas tinham família”, deplorou João Pereira Silva.
A Semana com Inforpress
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