O vice-presidente da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID) considerou, no Sal, de "radical e extremista" o discurso do partido no poder sobre os acontecimentos de 31 de Agosto, dando a ideia de um “grande massacre”.
Aldirley Gomes falava em conferência de imprensa na segunda-feira, 02, sobre o tempo histórico e a instrumentalização das efemérides nacionais em contexto das eleições.
Os acontecimentos do dia 31 de Agosto de 1981 ocorreram na ilha de Santo Antão na sequencia do descontentamento de agricultores e populares que organizaram uma manifestação contra a reforma agrária, que o partido único no poder tencionava implementa, e para pedir a libertação de algumas pessoas que tinha sido detidas pelas autoridades.
O confronto entre populares e as Forças Armadas resultou num morto e vários feridos, na localidade de Boca de Figueiral, na Ribeira Grande.
“Nestes dias, assistimos a mais um ato radical, extremista do partido que está a governar, na tentativa de instrumentalizar os acontecimentos de 31 de Agosto, querendo passar a ideia de um grande massacre e querendo fazer parecer que foi mais do que aquilo que realmente foi”, disse.
“A UCID condena e condenou de forma decisiva os acontecimentos de 31 de Agosto de 1981 e, esta postura, até hoje se reflete na luta do nosso partido pela democracia nacional”, continuou.
O vice-presidente da UCID acrescentou que o que o seu partido quer dizer é que tais acontecimentos “não devem continuar a servir para dividir os cabo-verdianos”.
Aliás, continuou, Pedro Pires por dois mandatos na Presidência da República, em “plena era democrática” foi uma afirmação “clara e inequívoca” dos cabo-verdianos de que a nação estava pronta para “aprender, perdoar e seguir em frente”.
A mesma fonte sublinhou que o mesmo partido procura “lavar a imagem dos seus dirigentes e fundadores” que então se encontravam do lado do partido único.
Aldirley Gomes avançou ainda que as narrativas que o MpD tem repetido “de forma sistemática”, e tem como objetivo “desvirtuar, amedrentar, instrumentalizar, dividir”.
“É tempo de promovermos as pazes com a história da nação Cabo-verdiana, promover as pazes com as gerações que nos antecederam, que fizeram aquilo que puderam, da forma como puderam”, continuou.
“Nessa luta desenfreada para dominar o poder do Estado, assistimos a um longo e propositado processo de desvalorização do legado de Amílcar Cabral, que, na sua gesta para a Independência Nacional, granjeou a admiração e o reconhecimento internacional, cujo pensamento e contributos seguem sendo substrato para orientar estudos, políticas de desenvolvimento inclusão até os dias de hoje”, frisou Aldirley Gomes.
O vice-presidente dos democratas cristãos sustentou que a UCID condena os acontecimentos de 31 de Agosto, bem como o aproveitamento dos acontecimentos como “combustível para a divisão em contexto eleitoral” e aconselha o partido no poder a “deixar de viver do passado e a reconciliar-se com a história”.
A Semana com Inforpress
Terms & Conditions
Subscribe
Report
My comments