Friday, 05 July 2024

E ECONOMIA

REPORTAGEM: Napoleão saiu da tabanca aos 13 anos para a luta com Amílcar Cabral

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 Napoleão tinha 13 anos quando saiu da tabanca e pegou, pela primeira vez, numa arma, na luta pela libertação da Guiné-Bissau ao lado de Amílcar Cabral, que descreve como “um homem pacífico e humanista”.

Passados 56 anos, o ex-combatente é o “comandante Napoleão” entre os militares guineenses, é testemunho da luta e um dos poucos que permanecem dos que lidaram com Amílcar Cabral.

Conheceu “o Amílcar em 1968, em Conacri” e uma das memórias que tem dele é som das teclas da máquina de escrever, durante toda noite, nas guardas que fez ao líder histórico.

Teclava os apontamentos, que recebia das diferentes frentes de batalha, através das estações de rádio, como contou à Lusa.

“Por isso, o Amílcar escreveu muito”, salientou, mostrando resultados desta escrita que guarda, como o plano logístico que foi uma espécie de embrião das bases do novo Estado da Guiné-Bissau.

Napoleão tinha 13 anos quando pegou, pela primeira vez, numa arma, saído da tabanca (aldeia) de Ganjola, no sul da Guiné-Bissau e, nos anos seguintes, lutou em várias frentes, por todo o território.

Disse que “o Amílcar fez essa luta para libertar o seu povo da exploração do homem pelo homem e do domínio colonial, fascista de Salazar”.

À pergunta se Amílcar Cabral queria a guerra, respondeu perentoriamente: “Nada. Era um homem pacífico, humanista, o que o leva a avançar para a luta armada é o momento apôs a recusa das negociações, já não havia mais alternativa”.

Recordou que “ele escreveu um memorando, em 15 de novembro de 1960, endereçado ao Governo português, pedindo negociação para a independência, tendo em conta que nesta costa ocidental de África, acederam à independência mais de dez países”.

“Ele entendia que não devíamos recorrer à luta, ele começou por fazer a luta pacífica”, vincou, acrescentando que em 01 de dezembro do mesmo ano, Amílcar fez um segundo memorando, a que também Salazar não se dignou a responder.

“O Amílcar teve calma sempre, mesmo quando foram assassinados mais de 50 marinheiros no cais de Pidjiguiti, em 03 de agosto e 1959, poderia ter rebentado a guerra, mas acalmou tudo aquilo até ao dia em que os colonizadores não compreenderam nada”, referiu.

 A Guiné, como diz, “foi sempre a batata quente na guerra colonial, onde morreram mais soldados portugueses, e foi aqui que começou o movimento dos capitães para o 25 de Abril”.

A luta da Guiné-Bissau contou com o apoio dos médicos cubanos, que ainda hoje permanecem no país, e dos países de leste, que forneceram desde armas a géneros alimentícios ou formação.

“O mais admirável, íamos para a União Soviética centenas e centenas, saindo do fundo do mato, analfabetos, aprender [a usar]armas sofisticadas, ensinavam-nos com as nossas línguas maternas. Eu admirava muito onde é que os russos aprendiam essas línguas”, observou.

Ainda continua a lembrar-se do que sentia “quando regressava para a mata como guerrilheiro, a manejar armas, equipamento de guerra moderno” e das potencialidades desse equipamento.

Quintino Napoleão dos Reis fez 69 anos este ano, quando se celebra o centenário do nascimento de Amílcar Cabral, em setembro, e só conheceu Portugal em 1985.

Do que viu nessa época e no Portugal de hoje encontra a comparação para explicar “o porquê para todo esse atraso na Guiné-Bissau, passados 50 anos da independência”.

“Da Portela (aeroporto) até ao centro de Lisboa era uma mata densa, levava vários quilómetros até ver uma construção, mas agora quase é colada ao aeroporto”, concretizou.

O desenvolvimento, diz, leva tempo, e também Portugal se atrasou em relação a outros países no pós 25 de Abril.

“Houve aquele puxa-puxa, o Governo caía, vinha outro, depois começaram a compreender”, apontou, realçando a mudança, sobretudo, apôs a adesão à União Europeia.

Da história comum dos dois povos realçou a vontade da libertação da opressão, que levou à independência da Guiné-Bissau é à conquista da liberdade em Portugal.

A Semana com Lusa

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Colunistas

Opiniões e Feedback

Daniela Santana
7 days 2 hours

Devemos todos fazer uma subscrição a favor do Leão Vulcão. Todos, todos, todos.

Americo costa feritas
7 days 5 hours

Esta noticia peca em todos os aspetos; presença dum governante, melhor vodka do mundo, produção de vodka num pais tropic

Antonio
18 days 3 hours

Paz à sua alma.

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