Monday, 16 September 2024

Guiné oferece "pouco ou nada" a jovens formados que querem regressar - ativista

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O jovem ativista Mamadu Alimo Djaló quis regressar à Guiné-Bissau depois da formação superior em Portugal, na esperança de encontrar um lugar no mercado de trabalho do seu país, mas não esconde um certo desalento.

“O país em si está estruturalmente desestruturado”, acabando por “perder muitas pessoas que são bons pensadores, bons técnicos, bons trabalhadores (…), porque, a verdade seja dita, ou o país oferece pouco ou o país oferece quase nada aos jovens. E isso é triste”, disse à Lusa.

Com um curso profissional de cozinha, uma licenciatura em Ciências Sociais e um mestrado em Sociologia, Alimo tem-se envolvido em projetos comunitários ao mesmo tempo que dinamiza o projeto Muntu-Contrariar o Machismo, nascido do seu mestrado sobre Género, Masculinidade e Emoções dos homens guineenses.

“Apesar desse trabalho que está a ser feito a nível individual e coletivo, precisa-se de pão para a boca, precisa-se de algum tipo de emprego para ter comida na mesa, para ter transporte, para ter saldo no telemóvel”, disse, em entrevista à Lusa quando se completam os 50 anos da independência do país, proclamada unilateralmente em setembro de 1973 e reconhecida por Portugal em 10 de setembro de 1974.

Alimo lamentou que os jovens que se formaram e que “regressam com outro tipo de conhecimento e de visão sobre o mundo” não tenham oportunidades e acabem por “ficar à mercê daquilo que se vai conseguindo”.

“Desculpem-me a frontalidade, mas vai-se vivendo com as migalhas e isso é muito triste para os jovens que batalham ao longo dos seus percursos, noutras realidades, e voltam à realidade de onde saíram e não conseguem ver retribuído o próprio esforço”, declarou.

Para o jovem ativista social, se a independência trouxe “um momento glorioso”, a verdade é que “não houve continuidade” e “está tudo de cabeça para baixo (…), muito ao contrário daquilo que se sonhou”, sobretudo nas comunidades mais longínquas, onde existem “situações muito, muito tristes”.

Na sua visão, os jovens guineenses podem “contribuir de forma vincada para os anseios que outrora foram sonhados” e ajudar a “saltar dessa desestruturação” em que o país está mergulhado.

“Nós não queremos só essas pequenas mudanças. Nós queremos transformar a nossa realidade, transformar as pessoas no nosso contexto, transformar o nosso país, porque a comunidade mais longínqua ainda está a sofrer (…), está com falta de boas infraestruturas (…), com défice de recursos humanos que vão transmitir conhecimento”, realçou.

Nesse esforço coletivo, é preciso pôr fim ao “espírito pedinte” de que o Estado é um triste exemplo ao fazer depender o Orçamento do Estado da ajuda externa, defendeu.

“É preciso que as estruturas juvenis adotem uma outra forma de ser” para que nos próximos 50 anos provoquem a mudança nas próprias estruturas do Estado: “Temos cabeças pensantes que podem trabalhar (…) para, através dos nossos próprios recursos, organizar o nosso Estado”, afirmou.

Para isso, é preciso que as instituições queiram trabalhar juntamente com os jovens que têm conhecimento e têm ideias, considerou.

Alimo salientou que a sociedade guineense “é muito tímida”, no sentido de mostrar alguma apatia perante o que lhe acontece, mas, ao mesmo tempo, trabalhadora.

“Não precisamos de continuar nessa timidez (…). Esse espírito trabalhador tem de se aliar ao espírito de não se contentar com pouco (…) e de não se conformar com as várias injustiças que acontecem no país”, acrescentou.

“Não se pode permitir a violação dos direitos humanos. Não se pode permitir a falta da escola no país, a falta de [sistema] de saúde, de boa comida (…), não podemos continuar o tempo todo a transportar arroz de outros países. Não faz sentido, num país com tanta água, tanta terra, tanta riqueza de conhecimento e da forma de fazer as coisas (…). Podemos comer aquilo que é nosso, que é cultivado nas nossas terras”, defendeu.

Autor do blogue “Amanhã será melhor, com certeza”, Alimo acredita que, a partir da realidade guineense, é possível ter o Orçamento do Estado “sem pedir a ninguém”, que é possível implementar projetos porque alguém acredita na ideia e investe nela.

No seu blogue, o jovem poeta partilha “tudo aquilo que tem a ver com a busca de melhor convivência entre as pessoas e ao mesmo tempo uma provocação sobre o modo como se encara certos assuntos que têm tornado o mundo um lugar de desconfiança”.

 

A Semana com Lusa

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Colunistas

Opiniões e Feedback

D. G. WOLF
12 days 23 hours

A Guiné-Bissau é uma espinha atravessada na garganta dos cabo-verdianos.

JP
17 days 1 hour

hehehe SATANÁS ta inspeciona DEMONIOS hehehe Só trossa propi

António
18 days 18 hours

Abro radio e tv oiço aplicacao de milhões e milhoes escudos , de um momento para outro. Cifrões serios e não serios

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