O Tribunal da Relação do Sotavento confirmou a decisão da primeira instância que anulou a suspensão de quatro anos a quatro atletas do Clube Juvenil Seven Stars castigadas pela Organização Nacional Antidoping de Cabo Verde (ONAD-CV).

O Tribunal da Relação do Sotavento, em acórdão de 02 de Junho, negou provimento ao recurso interposto pela ONAD-CV, que estava insatisfeita com a decisão do primeiro juízo do Tribunal da Comarca da Praia que havia anulado a sua deliberação no concernente às atletas do andebol Rosângela Ferreira Andrade, Indira Gandi Moreira Soares, Carina Santos e Nádia Silva Pereira.

A ONAD-CV aplicou a cada uma das atletas uma pena de quatro anos de suspensão da prática de actividades desportivas por se terem recusado a fazer o controlo antidoping durante um treino da sua equipa.

O presidente do “Seven Stars” Francisco Livramento diz que, em Novembro de 2022, o presidente da ONAD-CV, de “forma arbitrária”, suspendeu as referidas jogadoras.

“Na altura, o clube alegou que em momenta algum as pessoas se identificaram como sendo funcionários da ONAD, nem se dignaram mostrar nenhum tipo de notificação sabre a operação, conforme mandam os estatutos da ONAD”, aponta Francisco Livramento, acrescentando que daí a recusa das atletas em fornecerem a urina para o controle antidoping.

Francisco Livramento lamenta que a decisão da ONAD-CV tenha privado o clube de quatro das suas melhores atletas, o que o obrigou a retirar-se do campeonato regional e nacional de andebol feminino.

Segundo Francisco Livramento, as atletas ficaram privadas de representar a selecção nacional, em particular Rosangela Ferreira, na altura, capitã da colectiva e considerada uma das melhores atletas do andebol feminino cabo-verdiano.

“A justiça tarda, mas não falha!”, indicou o responsável do "Seven Stars", que acusa a ONAD-CV de extravasar o seu papel e incutido em Cabo Verde um “autentico clima de perseguição aos atletas de várias modalidades”.

Francisco Livramento garantiu à Inforpress que o processo instaurado pela ONAD-CV às suas atletas não tem pés para andar e que, quando o mesmo transitar em julgado, o clube vai exigir uma indemnização por danos causados.

“Já gastámos muito dinheiro com isto. Não podíamos deixar aquelas atletas indefesas e abandonadas”, ressaltou Livramento, que acusa o presidente da ONAD-CV de “falta de seriedade e de humanismo”.

A Inforpress contactou com o presidente da ONAD-CV, Emanuel Passos, para se pronunciar sobre a decisão do Tribunal de Relação, mas escusou-se a fazê-lo, alegando que não conhecia o acórdão do TR do Sotavento.

“Não tenho conhecimento disso [decisão do Tribunal da Relação], pelo que sei, neste momento, o processo está em andamento”, frisou o primeiro responsável da ONAD-CV, sublinhando que, quando tiver uma “notificação oficial”, poderá pronunciar-se.

A Semana com Inforpress