A saída contínua da população jovem da ilha do Maio tem provocado o desagregamento de famílias, perda de mão-de-obra activa e enfraquecimento da dinâmica económica, desportiva e cultural da ilha.
Sem perspectivas de emprego, formação profissional e integração no mercado de trabalho, muitos jovens têm optado por emigrar para outras ilhas ou para o estrangeiro, sobretudo para Portugal e Holanda, em busca de melhores condições de vida, deixando para trás familiares e projectos pessoais.
É o caso de Kátea Lopes, que deixou o Maio há poucos meses rumo a Portugal, numa decisão marcada pela dor da separação familiar.
A jovem emigrante deixou na ilha uma filha de 11 anos e outros familiares, assumindo que essa foi a parte mais difícil do processo.
“Deixar tudo para trás, a família e os sonhos que idealizei na ilha foi a parte mais difícil na decisão de emigrar. Mas não via outra solução, porque não conseguia perspectivar oportunidades para os jovens no Maio. O meu objectivo é melhorar a vida dos meus familiares em Cabo Verde”, afirmou.
Natural da localidade do Barreiro, uma das zonas mais afectadas pela saída de jovens, Kátea reconheceu que a adaptação no país de acolhimento tem sido difícil, sobretudo pela ausência de familiares próximos e pelas limitações iniciais para trabalhar legalmente.
Apesar disso, garante não ter planos de regressar ao Maio num curto prazo, por não antever melhorias significativas na situação socioeconómica da ilha.
Situação semelhante vive Jennifer Ribeiro, jovem residente na localidade de Figueira, que pondera igualmente abandonar a ilha devido à falta de oportunidades.
Segundo explicou à Inforpress, a inexistência de políticas eficazes de emprego jovem, de formação profissional e de iniciativas desportivas e culturais tem contribuído para a desmotivação da juventude maienses.
“Grande parte dos jovens está desempregada. Quem termina o 12.º ano acaba por sair da ilha porque não encontra alternativas. Viver no Maio sem dinâmica desportiva e cultural, sem formação profissional e sem políticas de empregabilidade desmotiva qualquer jovem”, lamentou.
Para Jennifer Ribeiro, é urgente uma maior atenção das autoridades centrais e locais à juventude do Maio, sob pena de a ilha perder o seu principal motor de desenvolvimento.
“Se os jovens continuarem a sair, o Maio fica sem futuro. É preciso investir na juventude para travar este êxodo”, defendeu.
Moradores ouvidos pela Inforpress alertam que a saída massiva de jovens tem impactos directos na economia local, na sustentabilidade das famílias e na vitalidade social da ilha, apelando à criação de programas estruturantes de emprego, formação e empreendedorismo juvenil que permitam fixar a população jovem e inverter a actual tendência migratória.
A Semana com Inforpress








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