O Instituto Cabo-verdiano para a Igualdade e Equidade de Género (ICIEG) e a cooperação espanhola vão reforçar um projeto de formação de operadores turísticos para atendimento mais inclusivo, independentemente da orientação sexual ou identidade de género.
O turismo e tudo o que o rodeia é o grande motor económico do arquipélago, “o país recebe bastantes casais LGBTQIA+ e há que capacitar o setor”, disse à Lusa a presidente do ICIEG, Marisa Carvalho.
Uma primeira fase de formação está no final e o ICIEG assinou com a Fundação Triângulo, uma organização financiada pela cooperação espanhola, e o Instituto do Turismo, um acordo para a segunda fase, que duplica o tempo de execução para 36 meses e o financiamento para 400 mil euros.
Para a presidente, o alargamento vai permitir à instituição realizar um trabalho “mais estruturado” e “mais profundo” junto de toda a sociedade cabo-verdiana.
Além do turismo, o projeto vai formar a comunidade educativa, bem como a sociedade civil cabo-verdiana e os próprios membros da comunidade LGBTQIA+ (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, queer, intersexuais, assexuais e demais orientações sexuais e de género).
Nesta segunda fase, o ICIEG pretende trabalhar com o Instituto Nacional de Estatística (INE) para produzir mais dados sobre a comunidade, depois de um estudo diagnóstico sobre a situação social e jurídica, feito há três anos, pela Comissão Nacional para os Direitos Humanos e a Cidadania (CNDHC).
A ideia é ter uma comunidade “mais robusta” para, posteriormente, “fazer as reivindicações autonomamente”.
“O que nós desejamos é ter uma comunidade que seja sustentável naquilo que são as suas necessidades e o seu trabalho”, manifestou a dirigente.
O projeto vai também ajudar à integração, independentemente da orientação sexual ou identidade de género, em atividades que garantam rendimento.
“Acreditamos que só assim é que a própria comunidade terá capacidade de se fazer ouvir” e de poder estar nas tomadas de decisões, salientou ainda Marisa Carvalho.
Outro foco do projeto passa por ajudar no acesso a cuidados básicos de saúde, principalmente tratamentos hormonais, uma preocupação manifestada há um ano pela presidente do ICIEG.
Marisa Carvalho avançou que, na altura, alguns médicos cabo-verdianos mostraram-se disponíveis para seguir os casos, mas salientou que a substituição hormonal ainda “levará algum tempo”, pelo que vai continuar a fazer esse trabalho junto das organizações de saúde.
No próximo dia 28 de junho assinala-se o Dia do Orgulho LGBTQIA+ e o instituto, em parceria com outras organizações, vai realizar várias atividades, entre elas a tradicional marcha pelas ruas do país.
Cabo Verde dispõe de um Plano Nacional de Igualdade de Género com ações concretas e a dirigente notou que o país está num “lugar cimeiro” em África, onde muitos países tomam medidas de sanção, perseguição e criminalização de pessoas devido à sua orientação sexual.
A Semana com Lusa
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