O presidente interino do Partido da Renovação Social (PRS), Fernando Dias, afirmou hoje que a democracia “está a ser posta em causa” na Guiné-Bissau e chamou a atenção da comunidade internacional para este facto.
Em declarações aos jornalistas, Dias estava a reagir aos últimos acontecimentos políticos no país, marcados por impedimentos da polícia às manifestações políticas de cidadãos e partidos.
Acompanhado de Nuno Nabiam, ex-primeiro-ministro e atual líder da Assembleia do Povo Unido – Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), Fernando Dias visitou Braima Camará, coordenador do Movimento para Alternância Democrática (Madem-G15), na sua residência.
No sábado, ao chegar a Bissau, vindo de Lisboa, Camará observou que o país estava a viver numa ditadura ao reagir ao impedimento, pela polícia, que um grupo de militantes e dirigentes do Madem-G15 o recebesse dentro das instalações do aeroporto, como tem sido pratica até aqui.
Para Fernando Dias, o que aconteceu com os militantes do Madem-G15 revela que “a democracia está a ser posta em causa” na Guiné-Bissau, "sem que a comunidade internacional se pronuncie”, notou.
“Onde é que está a União Africana, onde é que está a CEDEAO (Comunidade Económica de Estados da África Ocidental), onde é que está a União Europeia, onde é que estão as Nações Unidas. Será que não estão a acompanhar, não têm representações aqui na Guiné-Bissau”, questionou o líder do PRS.
Doze militantes do Madem-G15, entre os quais um deputado, foram detidos, durante algumas horas, pela polícia, que considerou que aqueles desobedeceram às ordens para se retirarem das instalações do aeroporto.
O Ministro do Interior e Ordem Pública, Botche Candé, disse hoje que existem novas diretrizes de acesso às instalações do aeroporto internacional Osvaldo Vieira, segundo as quais não era permitido a entrada de pessoas para a receção de quem esteja a chegar ao país.
Fernando Dias anunciou igualmente que, “brevemente” será criada uma “frente única para a salvação da democracia” na Guiné-Bissau.
“Não podemos permitir que a ditadura seja implementada na Guiné-Bissau”, que, disse, conheceu a democracia “já lá vão muitos anos”.
O PRS, o Madem-G15 e a APU-PDGB fazem parte do Governo de iniciativa presidencial atualmente no poder na Guiné-Bissau, mas nos últimos dias os três partidos têm dado sinais de desentendimentos políticos com o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló.
Também em declarações aos jornalistas, à saída da residência de Braima Camará, o líder da APU-PDGB, Nuno Nabiam, atualmente Conselheiro Especial de Sissoco Embaló, disse que não vê razões de impedimentos de ações políticas e considerou a detenção de militantes do Madem-G15 como “algo fora do normal e antidemocrático”.
A Semana com Lusa
04 Fevereiro 2024
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