Dois grupos adversários de militantes do Movimento para a Alternância Democrática (Madem G-15), segundo maior partido no parlamento dissolvido da Guiné-Bissau, marcaram para sábado duas reuniões magnas divergentes, um congresso extraordinário e um Conselho Nacional.
Um grupo de militantes e dirigentes do Madem, liderado por Sandji Fati, antigo ministro da Defesa e Conselheiro do Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, convocou o primeiro congresso extraordinário do partido para o salão de festas Polon, nos arredores de Bissau.
Um outro grupo marcou também para sábado, num hotel de Bissau, a reunião do Conselho Nacional (órgão máximo entre congressos) por não reconhecer a legitimidade do grupo liderado por Sandji Fati para convocar um congresso do Madem.
Num comunicado aos militantes do Madem, Braima Camará, coordenador do partido, defendeu que o “dito congresso extraordinário é ilegal” por ter sido convocado “fora dos estatutos do partido”.
“Apelo aos verdadeiros militantes do Madem para que não tomem parte em nenhum congresso que não foi convocado pela direção legítima do partido. No sábado, o que está marcado é a reunião do Conselho Nacional”, observou Camará.
Na quinta-feira, Braima Camará convocou a reunião da Comissão Política a qual, segundo fontes do Madem, não estiveram presentes sete dos oito vice-coordenadores do partido que, na mesma altura, se encontravam num outro encontro presidido pela primeira vice-coordenadora, Satu Camará.
Em conferência de imprensa hoje, o jurista e deputado Nelson Moreira garantiu que o congresso extraordinário “vai ter lugar, sim”, ao responder às informações postas a circular nas redes sociais em como a reunião magna tinha sido adiada.
O primeiro congresso extraordinário do Madem, fundado em 2018, por dissidentes do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), vai decorrer sob o lema “Juntos para a renovação e democratização do partido”.
“O congresso não visa substituir ninguém, mas pode haver candidatos. Como sabem, um congresso é o lugar por excelência de tomadas decisões a nível de um partido”, observou Nelson Moreira, quando questionado sobre se a reunião tinha como finalidade afastar Braima Camará da liderança.
Moreira notou que, tendo sido convocadas eleições legislativas antecipadas pelo chefe de Estado, para 24 de novembro, e dada à crise interna no partido, o Madem “não pode ir às eleições sem realizar um congresso”.
O dirigente assinalou que os 2.515 delegados que estiveram no último congresso ordinário do Madem, entre 30 de setembro e 02 de outubro de 2022, que reelegeu Braima Camará, então, serão os mesmos que vão participar no congresso extraordinário.
O Madem, que conquistou 27 deputados da primeira vez que participou em eleições legislativas em 2019 e 29 nas últimas eleições, em 2023, vive uma profunda crise com militantes e dirigentes de costas voltadas.
A crise eclodiu quando o líder do partido, Braima Camará assumiu publicamente que não vai apoiar o atual Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, um dos fundadores do Madem, para um segundo mandato.
Umaro Sissoco Embaló sempre classificou este posicionamento de Camará como errado, apelando a que este volte “à procedência”.
O grupo de militantes e dirigentes do Madem leais a Sandji Fati não esconde que vai apoiar Umaro Sissoco Embaló para um segundo mandato presidencial.
A Semana com Lusa
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