As empresas e famílias cabo-verdianas utilizaram até ao final do primeiro semestre deste ano quase 29 milhões de euros das linhas de crédito covid-19, lançadas pelo Governo cabo-verdiano para mitigar a crise económica provocada pela pandemia.
De acordo com dados de um recente relatório do Banco de Cabo Verde (BCV) com indicadores económicos e financeiros, compilados hoje pela Lusa, o ’stock’ total de crédito concedido no âmbito das linhas de crédito covid-19 com garantia do Estado ascendia, em 30 de junho de 2022, a 3.214,2 milhões de escudos (28,9 milhões de euros).
"Dos quais, apenas três entidades beneficiaram, em fevereiro e março, de 11,4 milhões de escudos [103 mil euros]", lê-se no relatório.
Esse ’stock’ total de crédito concedido no âmbito das linhas de crédito covid-19 com garantia do Estado ascendia, em 31 de dezembro de 2021, a 2.993,8 milhões de escudos (26,9 milhões de euros), pelo que cresceu 7,3% no primeiro semestre.
Contudo, o relatório também refere que "desde abril, os bancos comerciais não têm concedido novos créditos no âmbito das linhas de crédito covid-19 garantidas pelo Estado".
No âmbito das medidas excecionais de proteção da liquidez das empresas e do rendimento das famílias, o Governo cabo-verdiano negociou com os bancos comerciais do país a criação de quatro linhas de crédito, num valor total de 4.000 milhões de escudos (36,2 milhões de euros), para reforço da tesouraria das empresas com atividade empresarial em Cabo Verde, "visando essencialmente suportar os custos com salários, rendas de instalações e pagamento de faturas, e fornecimentos de serviços a terceiros".
Criadas em abril de 2020, essas linhas de crédito, com taxa de juro preferencial até 3%, período de carência de seis meses e garantia do Estado até 80%, beneficiaram 633 empresas privadas e "preservaram 13.300 postos de trabalho" durante a pandemia, segundo informação anterior do Ministério das Finanças.
O crédito à economia cabo-verdiana aumentou 6,6% no ano de 2021, para um recorde de 140.050 milhões de escudos (1.264 milhões de euros), segundo dados do banco central compilados anteriormente pela Lusa.
O total do crédito à economia cabo-verdiana - empréstimos bancários e ’stock’ de dívida titulada no mercado primário - situava-se no final de 2020 em mais de 131.310 milhões de escudos (1.185 milhões de euros) e em 2019, antes da pandemia de covid-19, era de 126.437 milhões de escudos (1.141 milhões de euros).
Face ao período anterior à pandemia (final de 2019), o crédito à economia em Cabo Verde aumentou quase 11% até final de 2021, tendo em conta os dados do BCV.
A economia cabo-verdiana cresceu 7% em 2021 e o devido às consequências económicas da guerra na Ucrânia o Governo reviu a previsão de crescimento para 2022 dos anteriores 6% para 4%, após uma recessão histórica de 14,8% em 2020, devido à pandemia de covid-19.
Entretanto, o Plano de Retoma da economia cabo-verdiana no pós-pandemia, recentemente apresentado, prevê mais 82 milhões de euros de linhas de crédito às empresas, com taxas de juro de até 3,5%, segundo anúncio do Governo.
Este plano governamental prevê, entre várias medidas, que as pequenas empresas obtenham financiamentos individuais de até 25 milhões de escudos (228 mil euros), as médias empresas até 50 milhões de escudos (456 mil euros) e as grandes empresas até 100 milhões de escudos (913 mil euros).
Os apoios à retoma da atividade empresarial em Cabo Verde preveem a modalidade da suspensão do pagamento de contribuições sociais por seis meses e a "renegociação desses valores ao sétimo mês".
Entre outras medidas, o Plano de Retoma prevê novas linhas de crédito com aval do Estado para apoio à tesouraria das empresas, no valor de 2.700 milhões de escudos (24,6 milhões de euros), e de 6.300 milhões de escudos (57,4 milhões de euros) para crédito ao investimento das empresas, totalizando 9.000 milhões de escudos (82 milhões de euros) de novos financiamentos para 2022.
As novas de linhas de crédito lançadas com o Plano de Retoma preveem taxas de juro "não superiores a 3,5%", um período de carência de capital e juros de mínimo de seis meses, pagamento do capital em até cinco anos para os financiamentos de apoio à tesouraria e até dez anos para os de investimentos.
A Semana com Lusa
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