terça-feira, 20 maio 2025

Autoridades cabo-verdianas detêm suspeitos de abuso de menores agravado

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 O Ministério Público cabo-verdiano anunciou hoje a detenção de seis pessoas, na capital, Praia, indiciadas por vários crimes, entre os quais se incluem sequestro, prostituição e abuso sexual de menores de forma agravada.

A polícia deteve cinco homens e uma mulher, com idades entre os 18 e os 62 anos.

Um dos homens vai aguardar o desenrolar das investigações em prisão preventiva, enquanto às restantes pessoas detidas foram aplicadas restrições à residência e ao contacto com as vítimas.

O país lançou, em fevereiro, um programa para apoiar 450 crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual ou em situação de risco, anunciou a organização Aldeias Infantis SOS, uma das parcerias do projeto que pretende prevenir os maus-tratos.

O projeto "Djunta Mom" (expressão em língua cabo-verdiana que significa dar as mãos) é financiado pela União Europeia (UE) e será implementado até 2027.

"Muitas vezes, o perigo vem de dentro de casa, da proximidade, não vem de longe", referiu Ricardo Andrade, diretor da instituição.

De acordo com o último relatório sobre a situação da justiça (de agosto de 2022 a julho de 2023), o Ministério Público cabo-verdiano registou 635 processos por crimes sexuais, sendo quase metade por abusos contra crianças.

O Ministério da Justiça cabo-verdiano apresentou, em 2024, um programa para intervir junto dos condenados por crimes sexuais no país, depois de um estudo concluir que um terço dos casos ocorre no seio familiar.

Também no último ano, o Presidente cabo-verdiano, José Maria Neves, enquadrou a violência sexual contra menores entre as "nódoas" do país, que espera que sejam banidas definitivamente.

A Semana com Lusa

Jorge Padre
Cabo Verde e o Silêncio dos Inocentes Violados
O que se passa em Cabo Verde com os abusos sexuais de menores não é novidade nenhuma — é uma podridão antiga, enraizada e institucionalme nte acobertada. No interior de Santiago, durante décadas, professores abusaram sistematicament e de crianças, miúdas com 6 e 7 anos. E quando alguma delas tinha coragem de falar, os próprios pais batiam-lhes, acusavam-nas de estarem a inventar para estragar o “bom nome” do professor. Como se isso não bastasse, ainda as obrigavam a levar uma galinha ao abusador — um pedido de desculpas, como se a culpa fosse delas.

É assim que se constrói o trauma e se protege o criminoso.

E depois há o Seminário junto ao Farol Maria Pia, na cidade da Praia. Um internato de rapazes, que muitos sabem — e fingem não saber — que foi durante anos um ninho de pedofilia encoberta pela Igreja Católica. Vários foram abusados, repetidamente. Tentaram denunciar, mas os gritos foram abafados com a ajuda do silêncio cúmplice de padres, bispos e até figuras do Estado. E até hoje, ninguém foi responsabilizad o.

Agora surgem notícias a dizer que foram detidas seis pessoas por abuso agravado. E o país finge indignação. Finge surpresa. Hipócritas. O sistema está podre há muito tempo, e a verdade é que nunca houve coragem política nem jornalística para ir até ao fundo disto.

Onde andam os jornalistas com tomates para investigar estas histórias a fundo? Para confrontar os abusadores com nome e cara? Para perguntar à Igreja por que razão abafaram denúncias durante décadas? Para exigir responsabilidad es ao Estado por permitir que isto fosse norma e não exceção?

Não adianta nada andar a criar projectos como o “Djunta Món”, pagos pela União Europeia, enquanto se recusa tocar nas feridas reais. Isto não se resolve com psicólogos e folhetos. Resolve-se com escândalo público, com justiça e com prisões reais.

Enquanto os jornais andam ocupados com eventos e propaganda institucional, as vítimas continuam a crescer em silêncio, destruídas por dentro, esquecidas por todos.

Já chega. É hora de quebrar o pacto de silêncio e de vergonha. Cabo Verde precisa encarar a sua****** de frente.

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