O PAICV, maior partido da oposição cabo-verdiana, pediu hoje uma investigação independente a um incidente com a nova aeronave da Guarda Costeira, que está fora de operação, após sofrer danos numa hélice durante uma aterragem brusca há oito dias.
"Temos de questionar se é admissível operar com doentes a bordo, sem a certificação concluída. Não foi um exercício, foi uma missão real que colocou vidas em risco", considerou.
"Não sabemos qual foi o erro. É precisamente por isso que pedimos uma investigação independente por parte do Instituto de Prevenção e Investigação de Acidentes Aeronáuticos e Marítimos (IPIAAM) e da Agência de Aviação Civil (AAC)", afirmou o deputado do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) Démis Almeida, em conferência de imprensa.
O incidente ocorreu a 17 de abril, durante a primeira missão médica de emergência da aeronave (King Air 360 ER), entre a ilha da Boa Vista e Santiago.
De acordo uma informação do Ministério da Defesa, uma aterragem brusca amolgou as pás da hélice direita.
Segundo o deputado, a aeronave ainda se encontrava em voos de treino e os pilotos estavam em formação, acompanhados por um instrutor da empresa fabricante, o que, diz, levanta dúvidas sobre a conclusão da certificação necessária para transporte de doentes.
"Temos de questionar se é admissível operar com doentes a bordo, sem a certificação concluída. Não foi um exercício, foi uma missão real que colocou vidas em risco", considerou.
Démis Almeida acrescentou que as causas da aterragem brusca continuam por esclarecer: "Foi devido ao tempo [meteorologia], falha técnica, erro humano? É preciso apurar".
"Uma aeronave comprada por 11,2 milhões de euros não pode servir para experiências. Precisamos de pessoal qualificado, operações certificadas e respeito pelas normas civis", defendeu.
O eleito criticou também o processo de aquisição por ajuste direto, defendendo concursos públicos para garantir melhores custos e qualidade.
"Só assim podemos comparar propostas. O valor pago é elevado para a nossa realidade", acrescentou.
A aeronave chegou ao país há duas semanas e, na cerimónia de receção, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, afirmou que se tratava de um reforço para a vigilância da Zona Económica Exclusiva e combate ao tráfico e à pirataria, além de apoiar transferências médicas.
Construída nos Estados Unidos de América (EUA), a aeronave está equipada para missões de fiscalização aérea e costeira, busca e salvamento, e transporte de doentes entre ilhas.
O contrato foi assinado com a empresa Textron Aviation, dos EUA, em março de 2023, com um custo de 11,2 milhões de euros, incluindo peças sobressalentes e assistência técnica.
A Semana com Lusa
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