A polícia moçambicana deteve duas pessoas, entre as quais um funcionário do instituto de bolsas de Moçambique, suspeitas de cobrar dinheiro em troca de bolsas de estudo no estrangeiro, disse esta terça-feira à Lusa fonte do serviço de investigação.
“Trata-se de um funcionário do Instituto de Bolsas de Estudo [IBE], de 31 anos. Foram recolhidos vários documentos na sua residência referentes ao processo de candidatura de alguns candidatos, assim como material informático que era usado para processar os dados referentes aos concorrentes das bolsas de estudo”, disse Hilário Lole, porta-voz do Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic), na cidade de Maputo.
Segundo Hilário Lole, o funcionário foi apontado por um outro suspeito com quem supostamente trabalhava e que era responsável por contactar as vítimas, alegando que tinham sido reprovadas dos concursos para as bolsas de estudo, propondo, de seguida, que efetuassem pagamentos para a repescagem.
“Pesa sobre eles o crime de burla agravada, associação criminosa, assim como corrupção”, declarou Hilário Lole.
Os suspeitos cobravam entre 30 mil (422 euros) a 80 mil meticais (1.124 euros) às vítimas, avançou o porta-voz do Sernic, referindo que há outros mandados de captura contra três pessoas também alegadamente envolvidas no esquema, acreditando-se que entre estas exista também um outro funcionário do IBE.
“A uma das vítimas chegou a ser cobrado o valor referente a um ano de propinas da sua faculdade cá no território nacional, que correspondia aproximadamente a 80 mil meticais, para poder estudar de borla numa instituição pública de ensino estrangeira”, acrescentou o porta-voz.
Este ano, um grupo de 87 estudantes moçambicanos foi excluído de bolsas de estudos em Portugal devido a um erro do sistema informático de Moçambique durante o envio das candidaturas, disseram à Lusa diferentes fontes, em 06 de setembro.
Uma fonte do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior disse à Lusa que os erros no sistema de envio de candidaturas são frequentes todos os anos, referindo que o problema se deve à pressão causada pelo número de processos a submeter.
Os pais dos 87 estudantes submeteram petições em nove instituições moçambicanas, entre as quais os ministérios do Ensino Superior, dos Negócios Estrangeiros e da Educação, Embaixada de Portugal em Moçambique, Instituto de Bolsas de Estudo, gabinete do primeiro-ministro, Procuradoria-Geral da República de Moçambique e Embaixada de Moçambique em Portugal, buscando uma solução.
A Semana com Lusa
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