A artista plástica Evy Amado inaugurou esta quarta-feira a exposição intitulada "Rêgo, Transa bo Caminho de Volta”, no Palácio da Cultura Ildo Lobo, um projecto que reflecte uma realidade que a ajudou a reconectar com as suas raízes.
A exposição, que acontece no âmbito do Dia Internacional da Mulher, estará patente até 27 de Abril.
Evy Amado é o nome artístico da Eveline Amado, nascida na cidade da Praia, residente no Brasil, e que sempre nutriu um fascínio pelo desenho, conforme avançou à Inforpress.
No entanto, foi em 2022, quando cursava Arquitetura e Urbanismo, que “mergulhou de cabeça” no mundo da pintura.
“Foi lá que tive a oportunidade de estudar disciplinas sobre Arte e História da Arte, despertando em mim um interesse ainda maior pela área, facilitado pela disponibilidade de materiais ali”, explicou a artista à Inforpress.
“Então, comecei a pintar mulheres e depois surgiu a ideia de retratar mulheres e cabelos. Como já desenvolvia oficinas de tranças em algumas escolas públicas em celebração ao Dia de África, decidi retratar essa experiência em telas”, acrescentou.
Com menos de dois anos na área, Evy Amado realizou sua primeira exposição individual em janeiro do ano passado, no Brasil, uma conquista que não esperava alcançar tão cedo.
E agora está em Cabo Verde para apresentar "Rêgo, Trança bo Caminho de Volta", um projecto que reflecte uma realidade que a ajudou a reconectar com as suas raízes.
“As tranças são um penteado antigo e ainda presente na cultura cabo-verdiana e africana. Desempenhou um papel significativo na minha adolescência e agora é uma parte importante das minhas obras”, ressaltou.
Com essa exposição, perspectiva não apenas celebrar “a beleza dos nossos cabelos”, mas também promover uma mensagem de autoaceitação e orgulho da herança africana.
“Quero transmitir a mensagem de que não há nada de errado com os nossos cabelos, eles são uma parte valiosa da nossa identidade”, disse Evy Amado, recordando os ‘bullying’ que enfrentou devido ao seu cabelo crespo.
A artista revelou à Inforpress que sua inspiração vem principalmente das suas leituras, especialmente da escritora nigeriana Chimamanda Adichie.
Mas, para esta exposição, realizou uma pesquisa de campo em Sucupira, onde pôde observar e fotografar pessoas fazendo tranças.
Futuramente, a jovem almeja colaborar com uma estilista na criação de uma colecção de roupas, em que suas pinturas serão incorporadas às peças.
Evy Amado lamentou, por outro lado, o facto de ainda existir uma “sub-representação” das mulheres no mundo da arte em Cabo Verde, deixando uma mensagem encorajadora às mulheres no sentido de que “nunca é tarde para começar algo novo”.
A Semana com Inforpress
27 de março 2024
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