A gestora Ana Paula Rodrigues, também conhecida em São Vicente por Polibel, frequenta actualmente o curso de iniciação teatral da Escola Xpressá, decisão tomada aos 55 anos e que a tem levado a uma “libertação”.
Contrariando a máxima de que “De pequenino que se torce o pepino”, Polibel só decidiu arriscar a subir num palco e passar a vestir a pele de actriz no ano passado, ao fazer parte do grupo de alunos do curso “Trá vergonha” (tirar a vergonha, em português) da Escola de Teatro Xpressá
Desta forma, aos 55 anos, aliou mais este “desafio” à sua profissão de gestora num serviço público e também a um outro “hobbie” como costureira, “dom” dado por Deus e influenciado pela mãe, a“maior inspiradora” para criar a marca “Trapos Polibel”.
Numa idade de “ousadias” e de viver novas aventuras “agora ou nunca”, tornou o seu papel no teatro mais activo, passou de apenas espectadora assídua e admiradora da capacidade de reiventar dos actores e actrizes, para também “fazedora” desta arte cénica.
“Ou faço agora, ou morro sem o fazer. E neste momento estou na idade de experimentar coisas que me fazem bem, que me fazem crescer enquanto ser humano e aumentar a minha auto-estima”, pontuou Polibel, que descreveu como “incrível” as experiências vividas com o grupo do curso para adultos da Escola Xpressá.
Há cerca de nove meses tem mandado a vergonha embora e se aprimorando a cada dia na interpretação, tanto assim é que hoje sente o teatro nada mais, nada menos do que “uma libertação”.
“É uma possibilidade de ser alguém que não sou eu e a quem empresto este veículo que é o meu corpo físico, mas também é a possibilidade de exprimir alguns sentimentos e estar sem minha própria consciência”, considerou.
Outros ganhos, elencou, é a maior consciência corporal, postura, capacidade de criar e entrar na pele das personagens e várias outras técnicas, que, segundo a mesma fonte, a tem feito ver que idade “não é limitação”.
“O que nos guia é o pensamento, é a vontade de fazer e vontade de saber que ainda é possível aprender muitas coisas, soltar-se mais, abrir a mente muito mais para trocas e partilhas”, afiançou Polibel, que disse levar ao palco precisamente essa jovialidade dentro de si e que não se enquadra no perfil tradicional traçado às pessoas com 55 anos.
Mesmo assim, garante não aspirar ser uma “grande actriz”, mas, apenas divertir-se ao criar outras figuras, que não somente a Polibel que todos conhecem.
Quer ver outros “eus” que estão a ser enriquecidos todos os dias com tudo o que tem aprendido com o teatro, e que podem ser constatados, por exemplo, em “Gustin”, personagem interpretada na peça “Caxote”, trabalho final do curso e cuja apresentação está agendada para os dias 05 e 06 de Abril, no Centro Cultural do Mindelo.
Em “Caxote” assume um pedinte, mudo e com “muitos vícios” e que criou através de uma mistura de várias pessoas, com quem tem convivido ou visto no dia-a-dia e a possibilitou colocar em prática os vários ensinamentos.
“Quando entras num personagem, tens de ser íntegro e o representar, independentemente se tem defeitos, se tem deficiências, tens de tornar-te neste personagem”, aconselhou Polibel, assumindo que quando veste “Gustin” torne-se “insuportável”.
Por tudo isso e muito mais, confirma estar a viver um “processo muito enriquecedor”, aprendendo técnicas “muito úteis” para a vida e responsáveis por não querer mais deixar o teatro de lado, nem como espectadora, e muito menos como fazedora.
O Dia Mundial do Teatro é celebrado o 27 de Março e a data é comemorada desde 1961, por iniciativa do Instituto Internacional do Teatro (ITI).
Neste dia pretende-se destacar a importância do teatro na história e cultura da humanidade, através de vários eventos e iniciativas organizados por todo o mundo.
A Semana com Inforpress
27 de março 2024
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