O conhecido músico do funaná Bitori Nha Bibinha disse à Inforpress que pretende gravar um novo trabalho discográfico, desta feita, de mornas e coladeiras, mas aguarda pelo patrocínio.
Segundo Victor Tavares, nome de baptismo de Bitori Nha Bibinha, já contactou com o ministro da Cultura e Indústrias Criativas, Augusto Veiga, no sentido de lhe financiar o referido trabalho, mas, conforme avançou, está a aguardar a resposta.
“Ele [ministro da Cultura], depois de o contactar, pediu-me para lhe enviar uma cópia das músicas que pretendo gravar ainda antes de morrer, o que fiz prontamente”, revelou Bitori Nha Bibinha.
Aos 87 anos de idade, ainda toca a gaita com muita mestria. Também tem se empenhado em ensinar os mais jovens para que, segundo ele, a tradição não morra. Exemplo disso é o caso de Eduíno, do famoso grupo musical Ferro Gaita, que aprendeu com ele a executar o funaná.
“Tenho estado a ensinar alguns jovens, mas quando começam a sentirem-se que já estão bons, abandonam e nunca mais os vejo e só oiço a dizer que fulano ou beltrano está a dar espectáculos num ou noutro local” queixa-se Bitori, que acusa alguns dos seus formandos de não cumprirem o combinado, deixando dívidas por pagar.
O senhor do funaná e mestre do acordeão (gaita) cobra uma mensalidade de cinco mil escudos, mas agora os aprendizes são obrigados a pagar um mês adiantado e, se forem embora, “não deixam dívidas”.
“Assim, ninguém me fica a dever”, indicou Bitori que começou a tocar gaita de boca e, só mais tarde, a gaita normal.
“O meu primeiro espectáculo, que aconteceu em casa da dona Antónia Abreu, em Porta Belém [cidade da Praia], foi com uma gaita de boca e toquei durante toda a noite”, lembra Bitori Nha Bibinha, que nasceu na localidade de Cabeça de Horta, município de São Domingos.
Já perdeu a conta dos espectáculos que tem dado no país e no estrangeiro, sendo que Portugal e França foram os últimos países onde actuou com Chando Graciosa.
Instado sobre a música “Bitori Nha Bibinha ta txora pobreza” (Bitori Nha Bibinha lamenta pobreza) explicou: “Estava a dormir e, a certa altura, acordei e comecei a pensar como arranjar dinheiro para comprar comida para mim e a minha família. Havia muitas dificuldades. Por isso, resolvi fazer esta música que, pelos vistos, muitas pessoas gostam dela. Não sei se é porque a música fala da pobreza ou se é por outros motivos, nomeadamente pelo facto de eu não ter dinheiro”.
Bitori Nha Bibinha tornou-se famoso pela qualidade de kankan (rapé) que vende, atraindo clientes de várias idades.
Quem o visita em sua casa em Achadinha, Praia, além de se deparar com uma colecção de gaitas, que o tornaram famoso pela forma como executa o funaná, um género musical típico do interior de Santiago, que desceu à cidade para se espalhar por todo Cabo Verde, ainda pode assistir ao vaivém de pessoas, entre jovens e adultos, que o procuram para comprar o seu “famoso” kankan (tabaco moído).
A Sema com Inforpress
Terms & Conditions
Report
My comments