O Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição) apontou hoje o dedo ao Governo, no parlamento, por “falta de compromisso” com o sistema nacional de saúde e os profissionais do sector.
A acusação partiu da deputada Josina Freitas, que deu voz à intervenção inicial para o momento de interpelação ao executivo sobre o funcionamento do Serviço Nacional de Saúde, proposto pelo partido da oposição.
A eleita, que fez uma radiografia a vários aspectos relacionados com o sector, começou por criticar o facto de os centros de saúde terem deixado de funcionar aos fins-de-semana, por falta de pagamento dos enfermeiros.
“Essa é a realidade, demonstrando mais uma vez a falta de compromisso. O que ainda é mais preocupante é o negacionismo deste Governo que insiste em ignorar a realidade do nosso sistema de saúde”, argumentou.
Indo mais longe, Josina Freitas reiterou que as declarações optimistas sem acções “só agravam a situação e quem paga são os cabo-verdianos”.
Daí o questionamento sobre as reais metas nacionais para a saúde e o prazo para a concretização do hospital de referência, anunciado há dois anos.
Referindo-se a vários outros projectos em défice, a eleita do PAICV disse que “tudo isto demonstra total ausência de responsabilidade e compromisso por parte do Governo, e em particular, do Ministério da Saúde”.
Josina Freitas particularizou as suas críticas ao hospital central Baptista de Sousa, em São Vicente, que disse padecer de “graves problemas”, assim como outros centros de saúde em outras regiões que não têm permitido às populações ter acesso ao atendimento.
“O povo de Cabo Verde merece um sistema de saúde que funcione de verdade e não um sistema que funcione no papel”, concretizou.
Por seu lado, a ministra da Saúde, Filomena Gonçalves, optou por destacar os avanços conseguidos pelo País em termos de saúde, entre os quais, as taxas de mortalidade infantil que são comparados a de países mais avançados, esperança média de vida que ultrapassa 73 anos, que, a seu ver, reflete o impacto das melhorias realizadas no sector.
No conjunto incluiu ainda cobertura universal, programa de vacinação, e investimentos nos principais hospitais do arquipélago, Praia, Mindelo e Fogo, com investimentos recentes em incineradoras de lixo e fábricas de oxigénio, que estão prestes a ser instaladas.
“Também estão em fase de aquisição os equipamentos para o bloco operatório de Boa Vista, bem como do centro de saúde de Palmeira, na ilha do Sal”, anunciou a governante, com a ideia de estes assegurarem um “atendimento mais completo e eficaz”.
Paralelamente, conforme a mesma fonte, o executivo está a equipar todas as estruturas de saúde com os materiais necessários para que os profissionais possam prestar cuidados em condições adequadas.
Por isso, garantiu Filomena Gonçalves, a confiança dos cabo-verdianos está a fortalecer a ponto de “mais de 80% da população” valorizar a dedicação dos profissionais de saúde e a qualidade dos serviços prestados.
Mesmo assim, a ministra admitiu haver “incertezas” que estão a ser trabalhadas, contando com o apoio de todos os partidos e de toda a sociedade civil.
A Semana com Inforpress
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